domingo, 8 de maio de 2011

QUAL O NOSSO CHAMADO ?

Qual é o nosso Chamado, o nosso Ministério na Visão da Igreja do 1º Século ensinada por Yeshua?
Por Alexander Mendes Borges
O grande desafio da vida de um crente nascido de novo no contexto da igreja do 1º Século é continuar a missão deixada por Yeshua. E esta também é a incumbência da Igreja.
Um desafio que se apresenta a todos que buscam com fidelidade expandir o Reino de D-us. O chamado do Senhor é muito mais do que um “Ei psiu, venha aqui!”.
Qualquer convocação, antes de tudo, é um chamado à renúncia, a doar-se, a comprometer-se com a verdade. É amar a D-us acima de todas as coisas e a amar ao próximo com a si mesmo. É entender que o amor é a avenida principal que o Senhor usa para transformar vidas. (Rm 13:10) O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor.
A parábola do Bom Samaritano será o espelho para avaliarmos e, quem sabe, redescobrirmos nosso chamado. Podemos ver esse ensino de Yeshua como sendo uma coleção de atitudes, onde vários personagens agiram de maneiras diferentes, diante da mesma situação. Em Lucas 10:25-37 vemos o que o homem ferido representou para cada um deles.
Para o interprete da lei, o homem ferido era um tema para discussão. (v.25)
É bem claro no texto que, entre o perito da lei e o ferido, não havia nenhuma ligação, nenhum interesse. Aliás, o interesse do intérprete era ele mesmo! Ele coloca Yeshua à prova. Quer fazê-lo tropeçar. Não existe compadecimento, dor, nem sequer esperança de algo em favor do homem caído. Suas palavras contradizem suas ações. Sua oratória não condiz com sua prática. Apesar disso, sua pergunta é de alguém que realmente está interessado no Reino. Ele conhecia o caminho, sabia o que fazer (v.27). Mas vemos que entre aquilo que falamos e praticamos, pode haver um grande espaço. Às vezes, nos encontramos da mesma forma. Sabemos, entendemos e nos interessamos por todos os ensinamentos dados pelo D-us de Abrão, Isaac e Israel, através de suas Leis, Estatutos e Ordenanças. Tantos congressos, seminários, treinamentos, pregações. Temos conhecimento, mas, mesmo diante de tanta informação, a ausência da prática predomina. Yeshua o incentivou (v.27). Muito bem! Você sabe, você conhece. Faça isso e viverá. Faça, coloque em prática e viverá. Tiago fala para não sermos apenas ouvintes, mas praticantes da Palavra. Se a obra e o chamado forem vistos na mesma perspectiva do intérprete da lei, serão apenas temas para discussão e continuará existindo milhares de feridos caídos nas estradas da vida à procura de respostas e de alguém que se compadeça a ajudá-las.
Para os salteadores, o homem ferido era alguém para ser usado e explorado (v.30). Os ladrões o exploraram, deixando-o quase morto. Pensemos um pouco sobre a perspectiva dos ladrões. Eles refletiram no valor do roubo e não no valor da vida. Priorizaram as posses e os bens. A existência ficou em segundo plano. Valores invertidos e valores referentes à vida. Para eles, o homem oferecia algo que lhes acrescentaria. Suas intenções eram extrair algo, adquirir alguma coisa, de tal forma que o deixaram semimorto.
Da mesma forma, nosso chamado e o nosso ministério não podem ser uma fonte de extração. O nosso Chamado com o nosso Ministério devem ser uma atitude de entrega, onde investimos com nossa própria vida. Yeshua disse que aquele que quiser ganhar sua vida, perdê-la-á, mas aquele que a perder por amor a Ele, este vai achá-la. O “perder a vida” por amor a Yeshua é o maior investimento que um verdadeiro discípulo pode fazer. É na morte de nossa própria vontade e direitos que encontramos sentido para viver. Poderíamos dizer que, para D-us, “é perdendo que se ganha”! Para os salteadores, o homem foi uma oportunidade de aumentarem suas posses, seus bens.
Para os religiosos, o homem ferido era um problema a ser evitado. (v.31-32)
No mesmo caminho, vinha o sacerdote e o levita. Estavam no templo, cuidando das coisas de D-us. Quando percebem o ferido, passaram para o outro lado. Evitaram até mesmo a proximidade. Cuidavam das coisas de D-us, mas parecia que isso era tudo o que seguiam, desconsiderando o amor ao próximo. A prática dos religiosos era restrita às quatro paredes do templo. Não podemos nos esquecer que a palavra igreja, como no próprio grego, “Ekklesia”, significa “chamados para fora”. Logo, ser Igreja é ser chamado para fora.
Lembremos que Yeshua disse que somos o sal da terra e a luz do mundo. Se nosso chamado e/ou ministério não atravessar as paredes de um templo, o efeito que causaremos será quase imperceptível. Seria como acender mais uma lâmpada em Las Vegas, ou então jogar uma colher de sal no mar. Que diferença poderíamos fazer? Que resultados podemos esperar? Com estas atitudes seremos semelhantes a um médico que coloca uma placa dizendo que não atende doentes, um dentista que não atende ninguém com dentes cariados, um veterinário que não trabalha com animais. Seria incoerência com os títulos que carregam. Se somos a Igreja do Senhor, somos então chamados para fora, levando a verdadeira mensagem da igreja do 1º Século, com todas as suas tradições.
Para o bom samaritano, o ferido foi uma oportunidade para aumentar seu amor, sua fé e devoção. Investiu seu tempo, dinheiro, seus próprios bens e ainda comprometeu-se em cuidar dele. Para ele, o homem ferido era um ser humano digno de cuidado e amor. (v.33-36).
Vejamos que o samaritano tinha práticas religiosas muito diferentes dos intérpretes da Lei e mesmo assim não deixou de ser um modelo a ser seguido, pois ele revelou o maior dos mandamentos deixados pelo Eterno de Israel, o amor e comprometimento ao próximo.
João escreveu que mentimos se dizemos que amamos a D-us e não amamos ao nosso irmão. O amor e o comprometimento são características daquele que encarna seu chamado. Yeshua nos deixou a ordem de ir, então, não podemos esperar que os feridos venham até nós, mas nós vamos até eles, procedendo conforme a atitude do bom samaritano.
“O ministério não é um degrau que se sobe nem um chamado a liderar, mas um degrau que se desce e um chamado a servir.”
Isso é o mínimo que podemos fazer para D-us, pois as melhores coisas deste mundo o Senhor nos oferece sem nos cobrar nenhum centavo, totalmente de graça. Ele obteve a salvação para todos, perdoou os nossos pecados, nos trouxe a comunhão com o Pai e assim nos conduziu para a vida eterna. Ele nos dá o amor gratuitamente para compartilharmos uns aos outros, nos dá um filho, um amigo, um bom pastor, uma boa saúde, um sol para nos aquecer, uma lua para nos guiar, água potável, as estações do ano, e inúmeras outras coisas. Tudo isso D-us nos deu sem olhar a cor, a raça, situação financeira, etc.
Que possamos, como discípulos de Yeshua, termos a Lei do Eterno em nossos corações, em nossas mentes, em nossa boca, atada entre os nossos olhos e em nossas mãos. Assim, demonstraremos nosso amor a D-us conhecendo a sua Lei e PRATICANDO obediência aos Seus mandamentos, amando-O sobre todas as coisas, e ao próximo como a nós mesmos. Nisso se resume toda a Bíblia.